far out

2 de maio de 2008

pelos santos

todos os sonhos que tenho sonho-os acordado. durante o dormir existe apenas um vazio negro de desesperança. quando choro não correm lágrimas, mas a voz atenua-se perante os outros. a solidão é um pedaço de fruta doce, que trago com sofreguidão.

e terei sonhos? que sonhos?

o mais simples dos sonhos é a felicidade. basta tornar-me abjecto e serei feliz. a minha mãe diz que se eu me interessar pelos simples terei melhor consciência do que me rodeia. os simples são os que não pensam como eu. desconhece a minha mãe que eu não penso. executo tarefas simples. estou ligado às preocupações do povo, mas não me interessa o particular das situações, o esmiuçar de um só evento, porque o conjunto dos mesmos é que afecta o todo.

não tenho sonhos. acreditarei na realidade?

a realidade é constituída por discursos directos que evito, nego e desdenho. a minha realidade é tão detestável quanto as realidades dos outros. do conjunto que se desenha no inferno do dia-a-dia, descubro notícias sobre pessoas felizes, que fingem executar tarefas simples, estando presentes quando elas deveriam acontecer. e fingem preocupar-se com os outros e as suas realidades, de modo a terem informação para transacções posteriores.

os felizes são hipócritas.

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